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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Goiandira do Couto e a pintura/colagem com as areias multicoloridas da serra dourada.

Goiandira do Couto - Largo do Rosário.

Deire Assis entrevista Carlos Sena

O Popular
Qual o significado da obra de Goiandira do Couto para Goiás e o Brasil?

Carlos Sena
Goiandira do Couto foi a primeira mulher pintora do estado Goiás, e ela, já aos 16 anos encarou a pintura como ofício, mas, só vai alcançar mesmo a sua maturidade artística, quando começar enfim, a desenvolver a sua técnica de pintura/colagem com as areias coloridas da serra dourada. Desenvolveu uma temática inspirada nos tradicionais casarios coloniais, ruas e becos da Cidade de Goiás, criando uma arte que lhe conferiu um reconhecimento que se ampliou do local aos muitos admiradores no plano nacional, e conseguiu também fazer muitas incursões no colecionismo internacional, disseminando suas pinturas por diversos países do mundo.
Goiandira do Couto e Oto Marques foram os dois artistas pioneiros na representação do paisagismo no estado de Goiás, e que, se inspirando no bucolismo da antiga capital, ajudaram em muito, a criar uma identidade visual goiana na pintura do séc. XX.

O Popular
Só mais tarde Goiandira desenvolveu a técnica com areias. Isso comprova o espírito inovador e criativo desta artista?

Carlos Sena
Em 1967 exatamente quando ela tinha os seus 52 anos, ela radicalizou de vez a sua técnica, encerrando aí, a fase da pintura a óleo quando manobrava finos pincéis, passando a manipular então, as cores em estado bruto obtidas dos pigmentos minerais que coletava na serra dourada, e são estes pigmentos, que lhes escorrendo dentre os dedos, irão conferir aquela famosa luz dourada às inimitáveis paisagens goianas que pintou. São vistas de Goiás aprisionada dentro da serra dourada, e esta serra, é que além de conferir a matéria-prima inusitada para a artista se expressar, é também a fonte de onde emana a luz dourada refletida na cidade justificando aí o seu nome de “Serra dourada”, e foi esse clima dourado da Cidade de Goiás, que Goiandira do Couto magistralmente conseguiu capturar nas suas pinturas .

O Popular
A técnica pioneira de Goiandira fez seguidores?

Carlos Sena
Em todas as áreas do conhecimento, sempre que alguém cria algo novo, logo na sequência, surgem os imitadores. Com Goiandira também não foi diferente, ao longo da sua existência teve um séquito deles, eu mesmo já ví uns três ou quatro; mas, o mais importante disso tudo, será que ao contrário dela, nenhum deles alcançará reconhecimento público, e a técnica de pintura/colagem de areia, não importa quem a use, será sempre reconhecida como a técnica da Goiandira do Couto.

O Popular
Como fica a cultura de Goiás sem Goiandira?

Carlos Sena
O artista é gente, e toda gente é finita. Agora, quanto a natureza da Arte, muito antes e também pelo contrário, pretende-se eterna. Então,podemos pensar que o estado ficou mais pobre porque perdeu a grande cidadã, e a Cultura ficou enriquecida com a sua produção, e esta agora já podemos dizer, está concluída. Poderíamos dizer também, que agora a sua obra já está iniciando um outro ciclo, que é até muito maior e mais complexo, a sua produção agora trilha o caminho do reconhecimento histórico, ou da produção simbólica de uma época, engendrando assim uma dimensão que envolve ao seu legado artístico enquanto um patrimônio cultural do estado de Goiás.

Entrevista concedida no dia do falecimento de Goiandira do Couto (22/08/2011), e publicada parcialmente em O Popular de 23/08/2011, aquí exibida na íntegra.
FOTO: Marcos Lobo

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Comenda de Honra ao Mérito – Anhanguera

Pitágoras Lopes, Divino Sobral e Carlos Sena - "Tá Comendado!..."

Tudo aconteceu muito rápido, e de repente lá estávamos Pitágoras, Sobral e eu dentre os homenageados de 2011. Daqueles que, iriam receber a Comenda Anhanguera – maior distinção conferida pelo Governador, na cerimônia de transferência simbólica da capital do estado de Goiás para a Cidade de Goiás, a antiga Vila Boa. Nela, que atualmente ostenta o título de patrimônio da humanidade, e que também fora no passado a sua primeira capital. Através dessa cerimônia oficial, todo ano a Cidade de Goiás recupera simbólicamente o status-quo de capital durante as comemorações de seu aniversário, e dentre estas comemorações, um dos momentos mais esperados é a Cerimônia de distribuição da Comenda Anhanguera, para um time de personalidades estaduais duma seleta lista que o Governo organiza para tal ocasião. Coisas da história e da tradição goiana!

Pois bem, foi nessa lista fechada que fomos incluídos em 2011, e porisso rumamos todos nós, para a famosa cerimônia na Cidade de Goiás. Alí, naquele fim de uma manhã de julho do dia 27, numa quarta-feira, no largo do chafariz de cauda, debaixo de um sol a pino, na frente da antiga cadeia, e com a Vila Boa literalmente aos nossos pés; comparecemos quando se armou a cerimônia oficial desse ano, e esta, com a presença do Governador Marconi Perillo, com diversas autoridades discursando, e também com os agraciados perfilados (centenas deles) lado a lado; suando em bicas dentro de suas roupas festivas, e corações disparados no meio de toda aquela exposição pública; a cerimônia em sí, que me parecia mais, um misto de rito militar e celebração olímpica com direito a pódio. Tudo isso era promovido então, em nome dos supostos feitos honoríficos, que nos asseguraram, termos prestados ao estado.

Essa era o tipo de situação que, você nunca saberia ao certo do porque, ou como, isso de fato, fora acontecer justamente com você. E logo você, que nunca tinha sonhado com algo assim, ou sequer invejou a quem e por acaso um dia, já tivesse conseguido tal tipo de distinção; e bem você que, até lá no fundo do seu eu, regojizava-se de prazer porque jamais faria parte desse rol, ou dessas tribos. Mas agora, por ironia do destino, uma vez que tivera sido incluído na lista dos Comendadores de Goiás, não se daria mesmo, para recusar à tal homenagem, pois acredito que ela simplesmente é, uma espécie do “Oscar do Cerrado”; e mesmo que não concordemos com esse tipo de estratégia de promoção política, uma vez distinguidos, não nos resta outra escolha que não seja encarar esse fato de frente, e também ao seu ritual. Afinal de contas, acredito também, que não devemos retribuir distinção e respeito com recusas e falta de educação para com os que nos atribuíram e/ou outorgaram reconhecimentos de méritos nos nossos feitos. Diz a sabedoria popular que, quem está na chuva, tem que se molhar. Aqui nesse caso, na verdade seria melhor se dizer: quem está no sol abrasador da Cidade de Goiás esperando Comenda-Anhanguera, que se molhe também, que sue todas as suas bicas, que empapem às suas roupas de festas, mas, mantenham as suas poses e esperem humildes e solenementes ,a vez de cada um deles, ser agraciado com a tal medalha honorífica. Quem seria bobo de recusar tal homenagem? nunca se sabe o dia de amanhã. E vai que, de repente, seja necessário provar sabe-se lá para quem, que você é um sujeito respeitável! Por via das dúvidas, melhor aceitar a homenagem e comparecer à cerimônia.

Assim, num determinado momento dessa solenidade, surge na sua frente, um fardado militar de alto escalão, tal fato esse, indiciado pela enorme quantidade de medalhas e comendas que ele ostentava no seu fardão, e esse militar, postado à sua frente, lhe cumprimenta em nome do Governador do Estado de Goiás. Em seguida, pega uma das diversas medalhas que uma jovem e bela, e também, policial militar segurava numa bandeja, e diz: - “Em nome do Governo do Estado de Goiás, eu estou lhe entregando a Comenda da Ordem ao Mérito – Anhanguera, a que Vossa Senhoria se fez merecedor, e como reconhecimento pelos relevantes serviços que o Sr. prestou ao Estado de Goiás”. Enquanto ele recita muito compenetrado e oficialmente o texto daquele ritual, uma outra bela moça policial, postada às costas do homenageado, se incubia de amarrar a comenda no seu pescoço. Daí, veio o cumprimento final - Meus parabéns! E então, eles se dirigem para o próximo agraciado da fila para repetir tudo aquilo.

E de repente, com a medalha já pendurada sobre o peito (pesadona ela!) você fica alí como uma barata tonta, procurando alguém conhecido na platéia para exibi-la de perto, e fica também, com uma vontade de fugir dalí, louco para se livrar daquelas roupas suadas pelo calor causticante de Goiás. E mais ainda, fica com uma fome de cão no meio dia que já é; e aí, pensando bem, o melhor agora seria, se mandar daquele lugar para resolver tudo aquilo outro que agora, estava lhe aperreando por demais. Nessa situação, o melhor mesmo, será deixar os exibimento aos amigos para depois, bem depois, e de preferência fazer isso longe dalí pelos e-mails, blogs, twitters e facebooks da vida!


Carlos Sena Passos

quarta-feira, 4 de maio de 2011

1º SALÃO DE ARTE CONTEMPORÂNEA DO CENTRO-OESTE

Edney Antunes-GO, Humberto Espíndola-MS e Adir Sodré-MT.

O 1º Salão de Arte Contemporânea do Centro-Oeste pretende realizar a cada dois anos uma amostragem da arte produzida na região. Sua função é minimizar a enorme lacuna que separa os processos culturais desenvolvidos no Centro-Oeste, e criar uma força institucional no campo artístico que permita conexão, articulação e diálogo entre as produções plásticas de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.

Luiz Mauro - GO, artista premiado.

O 1º Salão de Arte Contemporânea do Centro-Oeste nasceu da indagação: qual a cara ou quais as caras da arte contemporânea realizada no Centro-Oeste? Perguntas difíceis de serem respondidas, porque faltam elementos que permitam a visão da identidade desta produção. Entretanto, baseado nas minhas investigações dentro deste território, lanço como prerrogativa a questão da multiplicidade da produção no que se refere aos meios técnicos e materiais, ao uso de suportes e de linguagens e ao repertório poético desenvolvido pelos jovens produtores em cada uma das unidades da Região. No Distrito Federal, apesar dos muitos caminhos existentes, destacam-se tanto o recurso aos meios tecnológicos, como o vídeo, quanto o recurso às linguagens tradicionais do desenho e da pintura, sejam figurativa ou abstrata. Em Mato Grosso a linguagem dominante é a pintura que prossegue em criações de cores ensolaradas que citam a exuberância da natureza e da cultura local. Em Mato Grosso do Sul sem uma identidade tão marcada quanto no Mato Grosso, a produção busca estruturar seu campo de trabalho incorporando influências externas e buscando suportes e linguagens mais atuais.

Pitágoras Lopes - GO, artista premiado.

Em Goiás a pintura e o desenho convivem com outras técnicas de natureza experimental e as poéticas se voltam para o indivíduo e seus conflitos com o mundo. Enfim, são muitas as caras da produção contemporânea do Centro-Oeste brasileiro, o que torna complexa a leitura e a interpretação das obras sem a compreensão dos contextos históricos, sociais e econômicos em que foram produzidas estas especificidades artísticas.

João Angelini e André Valente - DF, artistas premiados.

Os 20 artistas selecionados e a radiografia do presente
O volume de 277 artistas inscritos no 1º Salão de Arte Contemporânea do Centro-Oeste, demonstra a necessidade de ações que visem prestigiar e subsidiar a produção artística da Região. Dentro deste conjunto destaca-se em número de propostas a categoria pintura seguida pela fotografia, e observa-se também que a linguagem videográfica anda sendo mais explorada, enquanto a categoria escultura tem pouquíssimos representantes. Os apontamentos do Salão fornecem elementos para a compreensão dos rumos tomados pela produção artística do Centro-Oeste no começo do Século XXI.

Anna Bheatriz - GO, artista premiada.

A Comissão de Seleção – formada por Cayo Honorato (SP), Daniela Labra (RJ), Gilmar Camilo GO), Marília Panitz (DF) e Rafael Maldonado (MS) – selecionou vinte artistas entre os inscritos na concorrência, corporificando um extrato revelador das questões e tendências investigadas pelos artistas contemporâneos, mostrando uma radiografia do presente por meio das obras dos jovens produtores do Centro-Oeste.

Comissão de Seleção: Rafael Maldonado-MS, Carlos Sena-Curador, Marília Panitz-DF, Cayo Honorato-SP, Daniela Labra-RJ e Gilmar Camilo-GO.

A Comissão de Premiação – formada por Aguinaldo Coelho (GO), Celso Fioravante (SP), Felipe Scovino (RJ) e Wagner Barja (DF) premiou quatro propostas entre as vinte selecionadas, contemplando os seguintes artistas: Pitágoras Lopes-GO, Luiz Mauro-GO, João Angelini e André Valente-DF e Anna Bheatriz-GO.

Comissão de premiação: Aguinaldo Coelho-GO, Celso Fioravante-SP, Carlos Sena-Curador, Wagner Barja-DF e Felipe Scovino-RJ.

Artistas homenageados

O formato do Salão é renovado com a apresentação de quatro artistas homenageados pela importância de suas trajetórias e de suas contribuições durante décadas de trabalho: Humberto Espíndola do Mato Grosso do Sul, Adir Sodré do Mato Grosso, Edney Antunes de Goiás e Elder Rocha do Distrito Federal. Estes artistas são escolhidos pela curadoria e premiados em reconhecimento ao valor de suas obras para a construção da História da Arte no Centro-Oeste brasileiro, e seus trabalhos passam a integrar o acervo do Centro Cultural UFG.


Humberto Espíndola - MS, artista homenageado.

Com sua poética da Bovinocultura, Humberto Espíndola foi o primeiro artista do Centro-Oeste a se destacar no cenário da arte contemporânea brasileira. Um dos fundadores da arte contemporânea na região, ele foi pioneiro no uso de novos suportes e na criação de instalações e de objetos. Nascido em Campo Grande, onde iniciou sua trajetória, formou-se em jornalismo em Londrina e depois residiu em Cuiabá, onde fez grandes contribuições para o circuito de arte local, como a criação do Museu de Arte e Cultura Popular da Universidade Federal do Mato Grosso. Depois retornou novamente a Campo Grande e veio a assumir a Secretaria Estadual de Cultura e também a Diretoria do Museu de Arte Contemporânea do Mato Grosso do Sul. Os papéis de artista, gestor e ativista cultural se mesclaram na trajetória de Humberto Espíndola.

Humberto Espíndola - MS, artista homenageado.

A obra de Espíndola premiada pelo salão é significativa e pertence a uma das fases mais importantes do artista; integra a série “Confinamentos” (1972), datada do ano que participou da Bienal de Veneza, na Itália, e da Bienal de Medelim, na Colômbia. O trabalho é um objeto elaborado com couro do boi marcado com sinais de propriedades, crachá de premiação e arame farpado soldado a uma moldura de ferro, é uma obra que traduz a extensão da pesquisa de Humberto Espíndola sobre a Bovinocultura. Para acompanhar esta obra, Espíndola doou ao CCUFG outra obra intitulada “O Banho da Ninfa”, datada de 1995, e que é sua última pintura executada com tinta a óleo. A pintura apresenta figuras antropozoomorficas e revela ligações com a mitologia e com o erotismo.

Adir Sodré - MT, artista homenageado.

Adir Sodré pertence à segunda geração de artistas formada em Cuiabá no final dos anos 70 por meio do trabalho desenvolvido dentro do Ateliê Livre da Fundação Cultural de Mato Grosso. Nascido em Rondonópolis, mas vivendo na capital matogrossense, o artista iniciou seus estudos de pintura aos 14 anos de idade, e chegou ao posto de significativo expoente da conhecida Geração 80 Brasileira. A obra de Adir Sodré rompeu a fronteira do Mato Grosso participando de importantes exposições coletivas e realizando mostras individuais em galerias no eixo Rio/São Paulo e fora do Brasil. A linguagem pessoal do trabalho de Sodré se destacou por fazer uma mescla entre aspectos das culturas regional, como a paisagem cheia de frutas exóticas, com personalidades da cultura brasileira como o museólogo Pietro Maria Bardi, e com personalidades da cena internacional como a cantora Nina Hagen e a transformista Divine. Adir se destacou ao realizar cruzamentos entre elementos provenientes das esferas plásticas erudita, popular e de massa, e por mostrar um erotismo fora do comum que domina todas as formas da natureza.

Obras de: Adir Sodré e Elder Rocha.

A obra de Adir Sodré premiada pelo Salão é uma pintura de grande formato intitulada “Duas Japas na Amazônia e o Pintor do Mato” (2008), e na qual o artista dispensa o uso de chassis para estruturar o plano, apresentando simplesmente o tecido preso à parede (um procedimento típico dos anos 80). Nesta pintura o espaço é ocupado pelo desenho repleto de detalhes e de ornamentos, pelo colorido iluminado da natureza exuberante; Sodré alia História da Arte e paisagem cabocla, fazendo referência às gravuras japonesas que foram tão influentes sobre o impressionismo, além de colocar seu auto-retrato na cena, flutuando como um anjo pintor.

Edney Antunes - GO, artista homenageado.

O artista goianiense Edney Antunes possui uma trajetória iniciada por volta de meados dos anos 80, e como os artistas goianos de sua geração formou-se fora das escolas de arte e dentro do processo do autodidatismo. Desde o início foi marcado pela inquietação que o levava a pesquisar suportes e linguagens para seu trabalho. Integrou o Grupo Pincel Atônico que foi pioneiro na utilização das técnicas de grafite para realizar obras expostas em galeria ou em intervenção na paisagem de Goiânia. Ao longo de décadas de trabalho Antunes investigou materiais orgânicos e industriais; passou da pintura ao objeto e à instalação; criou obras de conteúdo político ou de cunho social; apropriou-se de imagens da mídia e tratou de temas como problemas da infância, violência, religião, medo, marginalidade social, biotecnologia, etc; operou com estratégias de participação e interação do espectador para completar o sentido da obra. Edney Antunes com suas instalações conquistou premiações em salões realizados em Goiás e noutros Estados.

Obras de: Humberto Espíndola, Pitágoras Lopes e Edney Antunes.

A obra de Antunes premiada pelo Salão é a instalação “ Neo-ready-made Bio-tecnológico” (2000), mostrada primeiramente no VII Salão da Bahia (2000-01). Nesta obra o artista condensa questões que estavam sendo debatidas na época de sua produção, na passagem do Século XX ao XXI, tais como a manipulação genética, clonagem e alteração do corpo. Antunes cita o ready made de Marcel Duchamp, apropriando-se de fotografias retiradas de revistas para serem multiplicadas e exibidas em caixas de luz, ao lado de espelhos de camarins contornados de lâmpadas acesas, que convidam o espectador a se olhar e se colocar em situação semelhante a da ovelha Dolly e de Michael Jackson; a obra funciona como um aparelho que carimba o espectador e aciona visibilidades pela captação especular e pela luminosidade que emana de si mesma.

Elder Rocha - DF, artista homenageado.

Nascido em Goiânia, mas residindo em Brasília desde onze anos de idade, o pintor e desenhista Elder Rocha formou-se pela UnB e depois fez mestrado em Londres com bolsa do British Council. De retorno ao Brasil, tornou-se professor formador de novas gerações de artistas na UnB, e desde os anos 80 é um dos mais destacados artistas de Brasília. Suas pinturas oitentistas eram carregadas materialmente e exacerbavam a função do gesto no embate entre o corpo do artista e a pintura que se constituía, porém, mais recentemente ele vem realizando obras empregando imagens ready-mades, extraídas de antigas ilustrações e portadoras de nostalgia, para abordar a crise do olhar provocada pelo excesso de imagens na atualidade. Elder enfatiza a materialidade e a planaridade da tela deslocando-a da condição de simples suporte para a situação de apresentação do campo bidimensional em si, e dessa maneira atualiza o uso do suporte anteriormente tantas vezes colocado em crise.

Elder Rocha-DF.

A obra de Elder Rocha premiada pelo Salão é uma pintura intitulada “Justaposição Polar” (2008), e que foi exibida na exposição individual homônima realizada no Centro Cultural Banco do Brasil, Brasília (2009). A obra de esmerada fatura técnica é uma mistura de desenho e pintura, e representa um homem com faixas amarradas na cabeça e no queixo como se tratasse suas muitas dores, tendo os olhos adoentados, secretando pruridos, sangrando; é uma metáfora dos olhos que de tanto ver ficam cegos pela extrema exposição, situação da contemporaneidade que por estar mergulhada num universo visual ilimitado e em processo de multiplicação, acaba por não mais perceber o que os olhos tocam.

O salão e o acervo do CCUFG

Com o 1º Salão de Arte Contemporânea do Centro-Oeste obras de oito artistas (quatro homenageados e quatro premiados) passam a integrar o acervo do Centro Cultural UFG. São aquisições importantes para o acervo, pois introduzem na coleção peças de artistas ainda não representados, ou enriquecem a representação de artistas com outras obras no acervo. O formato dado ao Salão unindo artistas referenciais a artistas emergentes, enlaçando o conhecido e o porvir, visa demonstrar como a História da Arte é uma construção coletiva de artistas de diversas épocas que apostam no futuro e renovam as linguagens e os repertórios. O desafio de um acervo de arte contemporânea (como é a vocação do nosso) é acompanhar este processo de renovação, do qual o Salão é o próprio laboratório.

Carlos Sena Passos
Curador do 1º Salão de Arte Contemporânea do Centro-Oeste, Diretor do Centro Cultural UFG, Professor de História da Arte na Faculdade de Artes Visuais da UFG.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça de Artes Plásticas 2009/2010



O Centro Cultural UFG, setor da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal de Goiás, tem o prazer de apresentar ao público goiano o Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça de Artes Plásticas 2009/2010, mostra que reúne obras de cinco artistas representativos das inquietações da arte contemporânea brasileira: Armando Queiroz, Eduardo Berliner, Henrique Oliveira, Rosana Ricalde e Yuri Firmeza. A exposição apresenta trabalhos de força plástica, intensidade poética e inteligência conceitual, que provocam o olhar e o raciocínio do público.



O Prêmio evoca a memória de Marcantonio Vilaça, o galerista apaixonado e engajado na difusão da arte contemporânea brasileira e que tanto trabalhou para a sua inserção no circuito internacional. O trabalho de Marcantonio Vilaça abriu espaços, ultrapassou fronteiras e apostou no novo, por isto é chamado a tutelar os novos talentos da produção nacional.



A realização do Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça de Artes Plásticas no Centro Cultural UFG reafirma a vocação desta casa, no sentido de promover o diálogo com a arte brasileira, de atualizar as questões artísticas junto ao meio de arte local, de formar público para a produção de arte contemporânea, e de democratizar o acesso aos bens culturais por meio tanto da exposição quanto do programa de ação educativa. Além disto, as ações do Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça de Artes Plásticas são importantes em contextos fora do eixo Rio-São Paulo, como Goiânia, pois inserem parâmetros de qualidade técnica que ajudam a aprimorar o trabalho dos profissionais locais e a sofisticar o olhar do público.









Carlos Sena Passos
Diretor Centro Cultural UFG

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Iº Salão de Arte Contemporânea do Centro-Oeste


REGULAMENTO

1. DA PARTICIPAÇÃO
1.1 Realização do Ministério da Cultura e da Funarte, o 1º Salão de Arte Contemporânea do Centro-Oeste será sediado em Goiânia, nas galerias do Centro Cultural UFG, setor da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFG, no período de 28 de abril a 30 de junho de 2011, e é aberto à participação de artistas brasileiros e estrangeiros legalmente residentes há mais de três anos, e fixados nas unidades da região Centro-Oeste: Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

2. DA INSCRIÇÃO
2.1 As inscrições são gratuitas e serão realizadas no período de 15 de janeiro a 28 de fevereiro de 2011.
2.2 Cada artista terá direito a 1 (uma) inscrição em 1 (uma) categoria (desenho, pintura, gravura, escultura, objeto, instalação, fotografia, vídeo-arte e performance), podendo, no entanto, participar de 1 (um) trabalho coletivo em outra categoria. Poderão ser inscritos até 3 (três) trabalhos, cabendo à Comissão de Seleção determinar quais deverão participar da mostra. Dípticos, trípticos e polípticos serão sempre considerados trabalhos únicos. Para inscrição em instalação, performance e vídeo-arte serão aceitos até 2 (dois) trabalhos.
2.3 A inscrição será feita em ficha própria ou fotocópia acompanhada de Projeto. É imprescindível o completo preenchimento da mesma, de forma legível. Só serão aceitas fichas de inscrição assinadas pelo próprio artista ou sob procuração lavrada em cartório.
2.4 O Projeto, que deverá ser apresentado no formato A4 (21x29,7 cm), deverá conter currículo artístico, fotografias (entre 18x24 e 20x25 cm) dos trabalhos a serem apresentados e, não obrigatoriamente, texto sobre os mesmos (máximo de uma lauda). Todas as fotos deverão estar identificadas com os seguintes dados: nome do artista, título e ano de execução da obra, material e técnica utilizados, dimensões da obra em centímetros (altura x largura x profundidade). Não serão aceitos slides ou fotocópias. Para as inscrições nas categorias vídeo-arte e performance só serão aceitos vídeos no formato DVD ou em gravação compatível com o sistema windows. Não serão aceitos trabalhos no ato da inscrição.
2.5 As inscrições deverão ser entregues diretamente na Secretaria do Salão no Centro Cultural UFG, na Praça Universitária, Goiânia, ou remetidas pelos sistemas expressos de postagem (como SEDEX, etc.) para Salão de Arte Contemporânea do Centro-Oeste, Centro Cultural UFG, Av. Universitária, 1533. Setor Universitário, Goiânia / GO. 74001-970. As inscrições remetidas por correio deverão vir registradas. Só serão aceitas inscrições com data de postagem até o dia 28 de fevereiro de 2011. Os projetos inscritos no Salão de Arte Contemporânea do Centro-Oeste não serão devolvidos.
Centro Cultural UFG: Av. Universitária, 1533. Setor Universitário, Goiânia-GO. 74001-970. Tel: (62) 3209-6251
2.6 Só serão aceitas inscrições de trabalhos inéditos. Serão automaticamente desclassificados os trabalhos que tenham participado ou venham a participar de outra mostra até o término do Salão de Arte Contemporânea do Centro-Oeste.
2.7 Para trabalhos realizados em grupo, um único representante deverá assinar a ficha de inscrição e representar o grupo no caso de seleção e/ou premiação, devendo constar em anexo os nomes dos demais integrantes com os respectivos currículos.
2.8 O artista disporá das seguintes medidas máximas para apresentação dos trabalhos: Trabalhos bidimensionais: 3 metros de largura por 3 de altura válidos para o conjunto dos três trabalhos. Trabalhos tridimensionais: 3 metros de largura, por 3 metros de profundidade por 3 metros de altura, válidos para o conjunto dos três trabalhos. Instalações – 9 metros² de área. Instalações de parede – 3 metros de largura por 3 metros de altura e 1,50 metro de profundidade. Trabalhos que excederem a essas especificações não serão aceitos. Não há dimensões mínimas.
2.9 Vídeos deverão ter no máximo 05 (cinco) minutos de duração, gravados em formato DVD, devendo ser repetidos até o final. Caso selecionado, o artista enviará obrigatoriamente 2 (duas) cópias do trabalho para apresentação. Performances deverão ter duração máxima de 15 (quinze) minutos. Todo e qualquer equipamento necessário para exibição da obra será de inteira responsabilidade do artista.
2.10 Nos projetos dos trabalhos em linguagem fotográfica deverá constar a natureza do material utilizado como suporte para a apresentação da imagem.
2.11 Não serão aceitos trabalhos realizados com materiais que prejudiquem a apresentação de outros e/ou comprometam a integridade física do local, das equipes do Salão e do público em geral. No caso de trabalhos realizados com materiais perecíveis e/ou adulteráveis, o Salão se exime de responsabilidades sobre a vida útil destes materiais.
2.12 A inscrição no Salão é vetada aos membros das Comissões de Seleção e Premiação, aos coordenadores do Salão, aos funcionários e alunos bolsistas vinculados ao Centro Cultural UFG e a PROEC/UFG. 2.13 A Curadoria do Salão rejeitará inscrições que não estejam de pleno acordo com os termos deste Regulamento. 2.14 O ato da inscrição implica na automática e plena concordância do inscrito com as normas deste regulamento.

3. DA SELEÇÃO 3.1 Serão selecionados trabalhos de 20 (vinte) artistas para integrarem a mostra.
Centro Cultural UFG: Av. Universitária, 1533. Setor Universitário, Goiânia-GO. 74001-970. Tel: (62) 3209-6251
3.2 A seleção dos trabalhos será realizada em etapa única por uma Comissão convidada pela Curadoria do Salão, composta por 4 (quatro) membros mais o Curador, quando será lavrada a ata da sessão, onde estarão fundamentados os critérios adotados. 3.3 A seleção será executada sobre a análise dos projetos, através das fotos, maquetes, vídeos e textos neles constantes.
3.4 O resultado da seleção será divulgado por jornais locais do Estado de Goiás e pelo site www.proec.ufg.br/site/. Os artistas selecionados serão comunicados nos três primeiros dias úteis após a seleção via carta assinada pela Curadoria do Salão, despachada pelo correio e por e-mail.
3.5 No caso de desistência ou não localização de um selecionado no prazo de 5 (cinco) dias, a Curadoria examinará a possibilidade ou não de convocação de um 21º selecionado pela Comissão de Seleção para eventual caso de substituição.
3.6 O material de inscrição dos artistas selecionados não será devolvido.
3.7 Somente serão expostos os trabalhos selecionados, não sendo permitidas substituições ou modificações das mesmas após a seleção, exceto o previsto no inciso 3.5.

4. DO TRANSPORTE 4.1 Os artistas selecionados não residentes em Goiânia deverão enviar seus trabalhos por conta própria, acompanhados de nota fiscal avulsa (fornecida pela Secretaria da Fazenda de cada Estado) ao Centro Cultural UFG, CNPJ: 01567601/0001-43. Av. Universitária, 1533. Setor Universitário, Goiânia / GO. 74001-970. 4.2 A devolução dos trabalhos dos artistas selecionados, não residentes em Goiânia será de inteira responsabilidade dos mesmos. O artista deverá contactar, solicitar e custear a retirada das obras, como também informar à Curadoria do Salão o meio de transporte que fará a coleta (correios, empresas de transporte terrestre ou aéreo etc.), no prazo máximo de 30 (trinta) dias úteis após o encerramento do Salão. A não observância deste prazo acarretará a não devolução das obras. Neste caso, a Curadoria encaminhará as obras para o acervo da Instituição. 4.3 Recomendamos que os trabalhos selecionados sejam acondicionados em embalagens resistentes (caixa de madeira, tubo PVC ou similares), se necessário, com instruções para reembalagem anexadas, já que sua devolução será feita com reaproveitamento das mesmas embalagens. 4.4 Os artistas residentes em Goiânia terão 15 (quinze) dias úteis, após o encerramento do Salão, para retirarem seus trabalhos. A não observância deste prazo acarretará aos mesmos, despesas com o armazenamento, a conservação e a devolução por transportadora especializada (frete a cobrar).
Centro Cultural UFG: Av. Universitária, 1533. Setor Universitário, Goiânia-GO. 74001-970. Tel: (62) 3209-6251
4.5 O Centro Cultural UFG oferece espaço e condições adequadas para a mostra, entretanto, estará isento de quaisquer responsabilidades em caso de eventuais sinistros.

5. DA MONTAGEM 5.1 Caberá exclusivamente à Curadoria do Salão o conceito da montagem da mostra.
5.2 Os trabalhos selecionados serão montados pela equipe de montagem do Salão.
5.2.1 O artista selecionado arcará com quaisquer despesas de aluguel, compra e/ou reparos de equipamentos e materiais especiais necessários à apresentação de seu trabalho, sendo de sua total responsabilidade a produção e manutenção dos mesmos. 5.2.2 Trabalhos selecionados que exijam salas ou montagens especiais só serão exibidos de acordo com a disponibilidade técnica do espaço do Salão.
5.2.3 Trabalhos que eventualmente tenham sido danificados durante o transporte para o Salão, só serão expostos se houver tempo hábil para sua restauração e se a devida cobertura das despesas for efetuada pelo artista.
5.3 Os artistas selecionados na categoria performance arcarão com todas as suas despesas. Os horários de exibição serão acertados com a Curadoria. 5.4 Artistas que inscreverem instalações ou trabalhos que devam ser montados no local da exposição, deverão anexar ao seu Projeto especificações claras sobre a montagem. Estas poderão ser utilizadas, também, para reprodução em catálogo, em caso de seleção. Esse artista poderá, ainda, acompanhar a montagem de seu trabalho no local, em data a ser determinada pela Produção do Salão, desde que assuma todas as despesas. 5.5 Todos os 20 artistas selecionados receberão a importância de R$ 2.000,00 (dois mil reais), menos os impostos, a título de prêmio de participação, pagos até a data do encerramento da mostra.

6. DA PREMIAÇÃO
6.1 O Salão de Arte Contemporânea do Centro-Oeste conferirá 4 (quatro) Prêmios de Aquisição para 4 (quatro) artistas escolhidos entre os 20 (vinte) selecionados, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) cada, menos os impostos, pagos até a data do encerramento da mostra.
Centro Cultural UFG: Av. Universitária, 1533. Setor Universitário, Goiânia-GO. 74001-970. Tel: (62) 3209-6251
6.2 A premiação será realizada por uma Comissão composta por 5 (cinco) membros mais o Curador, quando será lavrada a ata da sessão onde estarão fundamentados os critérios adotados. 6.3 O artista premiado receberá o prêmio em agência bancária, onde seja titular de conta corrente individual ou conjunta. 6.4 O conjunto dos trabalhos premiados será integralmente incorporado como propriedade inalienável ao Acervo Artístico da UFG com todo o equipamento e material que o compuserem e doado. 6.5 Os quatro (4) artistas premiados serão comunicados, nos 3 (três) primeiros dias úteis após a premiação, via carta assinada pela Curadoria do Salão, despachada pelo correio e por e-mail.
6.6 O resultado da premiação será divulgado pelo site www.proec.ufg.br/site/, e pela imprensa local e regional, no dia da abertura do Salão.

7. DAS PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS
7.1 O Salão de Arte Contemporânea do Centro-Oeste convidará 4 (quatro) artistas, 1 (um) de cada Estado mais o Distrito Federal, para compor a exposição.
7.2 Os quatro artistas serão convidados pela Curadoria devido a importância de suas obras e a significação de suas carreiras para seus contextos de origem e para o cenário da arte brasileira.
7.3 As obras dos artistas convidados serão exibidas no conjunto dos artistas selecionados.

8. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
8.1 Os trabalhos não poderão ser alterados ou retirados antes do encerramento do Salão.
8.2 A reprodução das imagens integral ou fracionária de todos os trabalhos selecionados poderá ser utilizada pelo Ministério da Cultura, pela Funarte e pelo Centro Cultural UFG como divulgação do Salão de Arte Contemporânea do Centro-Oeste em todo tipo de mídia falada, escrita e televisiva, na produção de CD ROOM e veiculação em WEBSITE, ilustração de camisetas, suvenires e produtos diversos promocionais do Salão.
8.3 As Comissões de Seleção e Premiação estarão vigentes desde sua formação até que sejam lavradas e assinadas as respectivas atas, quando serão automaticamente extintas.
8.4 As decisões das Comissões de Seleção e Premiação serão irretratáveis e irrecorríveis.
Centro Cultural UFG: Av. Universitária, 1533. Setor Universitário, Goiânia-GO. 74001-970. Tel: (62) 3209-6251
8.5 Ficará a cargo da Curadoria qualquer deliberação posterior à extinção das Comissões de Seleção e de Premiação.
8.6 Os casos omissos neste regulamento serão resolvidos exclusivamente pela Curadoria.
8.7Para dirimir eventuais dúvidas, consulte: Centro Cultural UFG (62)3209 6251 e www.proec.ufg.br/site/ I salão de arte contemporânea do centro oeste.

9. CALENDÁRIO DO SALÃO: Inscrições: de 18 de janeiro a 28 de fevereiro de 2011. Seleção: 12 e 13 de março de 2011. Divulgação dos selecionados: 14 de março de 2011 Recepção das obras: de 15 a 25 de março de 2011.
Premiação: 02 de abril de 2011.

Abertura da exposição: 28 de abril de 2011.

Encerramento da exposição: 27 de junho de 2011.